domingo, 16 de abril de 2017

O que é ser reflexivo?

“o que é ser reflexivo?” 

Professora — Luciane Stepanski— UFRGS— PEAD eixo V

Esta pergunta não é simples de ser respondida, e foi feita na interdisciplina Seminário Integrador V— orientado pela professora— Simone Charczuc. Digo que certamente poderia escrever um livro tentando respondê-la; e mesmo assim com base nas diversas pesquisas que obviamente teria que fazer, ainda assim infinitas seriam as possibilidades de respostas, no entanto me atrevo humildemente contribuir com minha reflexão sobre o assunto.
Conforme Alarcão (1996), refletir para agir autonomamente parece ser uma das expressões-chave no contexto educativo internacional deste final do século XX. 
 Para refletir, inicialmente penso que devo ter consciência disso, que sou “eu” quem irá refletir, me torno autônomo do pensar. Não é o outro que irá refletir por mim, posso até ouvir, ler, sentir as ideias que me tem a passar; mas irei conduzir o meu pensar– buscarei ferramentas para entender– para chegar a uma certeza. Deixarei a curiosidade ingênua, que é passageira e entrarei em exercício constante da minha própria reflexão. Irei questioná-la; irei criticá-la. Irei ultrapassar o que consigo meramente descrever e passarei a perceber o quanto o aprofundar deste exercício– me faz estabelecer uma mudança intensa e reflexiva no desenvolvimento de uma trajetória reflexiva– porque envolve a prática dela com a teoria pesquisada. 
As experiências do outro, passam a serem moldadas pelas minhas; as minhas expectativas e anseios vão tomando forma e ocupando um espaço único e concreto, na medida em que vou desenhando o meu pensar, ele vai ganhando espaço para uma imagem mais nítida, deixando de ser abstrato para ser concreto e se tornar real, quando me torno protagonista, me torno autor dos meus pensamentos.
Segundo Alarcão, ser dogmático é um indivíduo que aceita determinada coisa como verdade absoluta e não abre espaço para discussões.
Sermos autônomos é não ser dogmático é questionar a si mesmo e suas próprias convicções e teorias. Holec (1979) discute o fato de autonomia ter associação com a liberdade, porque ser autônomo é ter liberdade para gerenciar sua própria aprendizagem e com isso ser capaz de uma autoavaliação. É refletir sobre o que se aprende, mas também sobre o que se ensina, isto é, ser responsável por seus atos e estar consciente das consequências.
Flávia Vieira (1994) define como: enfoque no sujeito, enfoque nos processos de formação, problematização do saber e da experiência, integração teoria e prática, introspecção metacognitiva. É se reeducar, transcender ao conhecimento, estar disposto a se desconstruir para novamente se construir, estar num processo constante de mudanças.
Acredito que manter a mente em constante trabalho é algo inerente ao ser humano, porém ter consciência das etapas deste trabalho e conseguir administrá-lo é uma forma de refletir e só então ter autonomia para conduzir o pensamento. Estar disposto a duvidar e desacreditar de coisas que a mente gerencia, e se tornar administrador do próprio pensamento é uma forma inteligente e desafiadora para todos que se dispõem a refletir.

Referências Bibliográficas
ALARCÃO, Isabel (Org). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão.
Editora Porto, 1996. (Coleção CIDIne).
BOFF, L. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES-PESQUISADORES NO CURSO DE PEDAGOGIA
A DISTÂNCIA DA UFRGS: um estudo de caso. (tese de doutorado em elaboração)
DEWEY, J. How we think. In: LALANDA, Maria C.; ABRANTES, Maria M. O conceito
de reflexão em J. Dewey. Portugal: Porto Editora, 1996. cap. 2, p. 41-61.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996
DEWEY, J. How we think. In: LALANDA, Maria C.; ABRANTES, Maria M. O conceito
de reflexão em J. Dewey. Portugal: Porto Editora, 1996. cap. 2, p. 41-61.


2 comentários:

  1. Olá Luciane, como vai? É o tutor Pablo, estou começando a comentar os blogs de vocês. Nossa, teu texto está complexo! Parece até um bocado de filosofia e concordo bastante contigo pois acho que uma reflexão séria e objetiva leva aos fins que tu dizes em teu escrito. Sempre reflito, ao menos um pouco, sobre as escolas em que leciono, mas tenho momentos específicos de fazer isso. Geralmente é quando me pego sozinho, ou indo ou vindo de alguma aula ou reunião pedagógica. São nestes momentos que reflito melhor sobre minha prática pedagógica. Gostei muito do teu texto. Abçs!

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  2. É uma grande alegria e satisfação poder ler suas considerações professor Pablo Kremer. Estou feliz com seus comentários! Nesta trajetória de ensinamentos que vocês professores/tutores do PEAD nos proporcionam vai tecendo nossa escrita e reconstruindo nossa forma de pensar. Interessante saber que tens momentos específicos em que refletes melhor sua prática pedagógica.Certamente, teus objetivos são administrados em sua prática. Uma organização no pensamento é fundamental para entendermos as etapas que devemos concluir ao reavaliar nossa postura pedagógica.
    Obrigada por suas palavras!
    Forte abraço!

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