“o
que é ser reflexivo?”
Professora — Luciane Stepanski— UFRGS— PEAD eixo V
Esta pergunta não é simples de ser respondida, e foi feita na interdisciplina Seminário Integrador V— orientado pela professora— Simone Charczuc. Digo
que certamente poderia escrever um livro tentando respondê-la; e mesmo assim
com base nas diversas pesquisas que obviamente teria que fazer, ainda assim
infinitas seriam as possibilidades de respostas, no entanto me atrevo
humildemente contribuir com minha reflexão sobre o assunto.
Conforme Alarcão (1996), refletir
para agir autonomamente parece ser uma das expressões-chave no contexto
educativo internacional deste final do século XX.
Para refletir, inicialmente penso que devo ter
consciência disso, que sou “eu” quem irá refletir, me torno autônomo do pensar.
Não é o outro que irá refletir por mim, posso até ouvir, ler, sentir as ideias
que me tem a passar; mas irei conduzir o meu pensar– buscarei ferramentas para
entender– para chegar a uma certeza. Deixarei a curiosidade ingênua, que é
passageira e entrarei em exercício constante da minha própria reflexão. Irei
questioná-la; irei criticá-la. Irei ultrapassar o que consigo meramente
descrever e passarei a perceber o quanto o aprofundar deste exercício– me faz
estabelecer uma mudança intensa e reflexiva no desenvolvimento de uma trajetória
reflexiva– porque envolve a prática dela com a teoria pesquisada.
As
experiências do outro, passam a serem moldadas pelas minhas; as minhas
expectativas e anseios vão tomando forma e ocupando um espaço único e concreto,
na medida em que vou desenhando o meu pensar, ele vai ganhando espaço para uma
imagem mais nítida, deixando de ser abstrato para ser concreto e se tornar real,
quando me torno protagonista, me torno autor dos meus pensamentos.
Segundo Alarcão, ser
dogmático é um indivíduo que aceita determinada coisa como verdade absoluta e
não abre espaço para discussões.
Sermos autônomos é não ser
dogmático é questionar a si mesmo e suas próprias convicções e teorias. Holec
(1979) discute o fato de autonomia ter associação com a liberdade, porque ser
autônomo é ter liberdade para gerenciar sua própria aprendizagem e com isso ser
capaz de uma autoavaliação. É refletir sobre o que se aprende, mas também sobre o
que se ensina, isto é, ser responsável por seus atos e estar consciente das consequências.
Flávia Vieira (1994) define
como: enfoque no sujeito, enfoque nos processos de formação, problematização do
saber e da experiência, integração teoria e prática, introspecção
metacognitiva. É se reeducar, transcender ao conhecimento, estar disposto a se
desconstruir para novamente se construir, estar num processo constante de
mudanças.
Acredito que manter a mente em constante trabalho é algo inerente ao ser humano, porém ter consciência das etapas deste trabalho e conseguir administrá-lo é uma forma de refletir e só então ter autonomia para conduzir o pensamento. Estar disposto a duvidar e desacreditar de coisas que a mente gerencia, e se tornar administrador do próprio pensamento é uma forma inteligente e desafiadora para todos que se dispõem a refletir.
Referências Bibliográficas
ALARCÃO, Isabel (Org).
Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão.
Editora Porto, 1996.
(Coleção CIDIne).
BOFF, L. A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES-PESQUISADORES NO CURSO DE PEDAGOGIA
A DISTÂNCIA DA UFRGS: um
estudo de caso. (tese de doutorado em elaboração)
DEWEY, J. How we think. In: LALANDA, Maria
C.; ABRANTES, Maria M. O conceito
de reflexão em J. Dewey.
Portugal: Porto Editora, 1996. cap. 2, p. 41-61.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da
autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996
DEWEY, J. How we think. In:
LALANDA, Maria C.; ABRANTES, Maria M. O conceito
de reflexão em J. Dewey.
Portugal: Porto Editora, 1996. cap. 2, p. 41-61.